Estou com o coração destroçado!
Sábado temos um lanche de família. Hoje a minha mãe liga-me a dizer que não sabe se ela e o meu pai conseguem ir. "Temos um batizado!"
A M. tem 4 anos! Estive com ela 1 ou 2 vezes em idas ao IPO.
Nunca falei muito aqui dos longos meses que o meu pai passou no IPO. Unidade de transplantes. Actualmente o meu pai é o mais velho. Durante os meses que lá passava o dia, todos os dias, fez 3 ou 4 amigas muito especias. Meninas, entre os 2 e os 4 anos, que viam nele um avô, talvez. De manhã à noite, o meu pai era disputado por todas para ler histórias, fazer puzzles, construir legos, brincar com as bonecas, fazer desenhos, ... Criaram-se laços, fizeram-se amizades, ajudavam-se uns aos outros a ultrapassar esta fase menos boa da vida de cada um deles.
Desde finais de Novembro que o meu pai só vai ao IPO ter consulta de rotina de 3 em 3 semanas. Vem sempre com o coração cheio. Guarda 1 ou 2 horas desse dia para estar com elas.
Ontem a enfermeira L. ligou-lhe. A tia da M. queria falar com ele. Vão batizar a menina e gostavam muito que ele tivesse presente. Perguntaram à M. quem é que ela queria na sua festa e ela falou no meu pai.
A M. tem 4 anos. Na semana passada os pais da M. tiverem a pior e mais terrível notícia que pode ser dada a uns pais. 2 transplantes. 2 recusas. Não há muito mais a ser feito.
"Façam-lhe as vontades todas, dêem-lhe muito colo, muitos mimos. Façam-na feliz".
A M. tem sensivelmente 2 meses de vida.