...também é permitir que ganhes as tuas recordações.
Que te soltes e que sejas feliz sem mim.
Hoje, ao ver-te ir com a avó, vi-me em tantas dessas viagens de comboio, que fiz também eu com a minha avó a caminho da terra dos bivós.
Vais andar nas hortas, apanhar flores, correr por caminhos cheios de pedras, quem sabe até cair e esfolar um joelho... Vais correr atrás das galinhas e tentar apanhar os pintos. Fazer festinhas aos coelhos e aos gatos. Vais comer fruta directamente da árvore e refescares-te no riacho perto de casa. Vais brincar com paus e tentar trepar aos primeiros galhos da figueira bem velhinha que ainda resiste à porta de casa.
Vais visitar todas as tias-avós e todas elas te vão encher de bolachas e chupas. Com sorte, uma terá um brinquedo qualquer, sem a mínima piada, para te oferecer. No imediato vais achar imensa piada mas logo vais perceber que afinal nem é brinquedo de menina e rapidamente fica esquecido.
No final do dia entras na banheira e a água do banho escorre bem castanha.
Castanha de sorrisos, de felicidade e de recordações que começas agora a criar.
Aproveita filha! Os bivós têm muitas histórias para contar!