15 novembro 2010

As 2ªs feiras são lixadas. Para mim, custa tudo a dobrar. Custa mais levantar, custa mais entrar no banho, vestir... e a chegada ao emprego? O que me custa chegar e começar a carburar. Demoro imenso tempo!

Hoje foi tudo ainda mais difícil. À 2ªF logo às 8h da manhã tenho a Júlia a entrar pela casa (a Júlia é a sr.ª que me ajuda nas lides domésticas. está connosco há mais de 2 anos;)). Já na semana passada achei a Júlia estranha. Ela fala sempre pelos cotovelos e tem sempre imensa coisa para contar. Na semana passada estava triste. Não quis invadir as suas preocupações e resolvi não perguntar nada. Mas hoje, achei que já era meu dever questioná-la, uma vez que somos uma espécie de "amigas". Assim que abro a boca, a Júlia agarra-se mim a chorar em silêncio. Fiquei estarrecida. Dei-lhe uns segundos e ela diz-me que os filhos dela vão embora para casa.

A Júlia é moldava. Está em Portugal há cerca de 6 ou 7 anos. Tem 4 filhos. O mais velho está na Moldávia com a sua família, a terceira mais nova trabalha nos Estados Unidos. O mais novo e o segundo mais velho estão cá em Portugal com ela e com o marido.
Acontece que o filho mais novo da Júlia acabou o 12º ano e quer ir para a faculdade. Como é estrangeiro e não conseguiu renovar o visto a tempo, não o deixaram sequer entregar os papéis. Isto a juntar a algum preconceito e burocracia, fez o rapaz perceber que era altura de voltar para casa e terminar os estudos lá. Está determinado, diz a Júlia.
Posto isto, e como a mãe não o quer deixar ir sózinho, mas tanto ela como o marido têm que continuar a trabalhar cá para conseguirem ganhar mais dinheiro, vai o irmão mais velho com ele para Moldávia "para poderem fazer companhia um ao outro", diz a mãe.

"Os filhos fazem falta... Na sua idade não percebe, mas.... Nós fazemos tudo, casa, tudo para os filhos e depois...." e olha para mim, com as palavras presas por não conseguir exprimir em português o que lhe vai na alma. Não é preciso. O amor de uma mãe compreende-se numa linguagem universal. Bastava olhar para a expressão da Júlia para eu poder (quase) entender o que ela está a sentir.

Há vidas muito difíceis. E a minha, mesmo com a luta das 2ªs feiras, é uma maravilha!

Sem comentários:

Enviar um comentário