A C, tal como todas a meninas desta idade, tem uma paixão por princesas, bailarinas e por tudo o que é cor de rosa. Foi-se aproximando o Carnaval e quando lhe perguntava do que se queria mascarar, a resposta andava sempre à volta de qualquer coisa muito cor de rosa.
Depois de ter ido ao cinema ver a Abelha Maia, ficou com uma paixão pelo insecto e já só dizia que queria mascarar-se de abelha. E assim foi.
Na noite anterior mal dormia, tal a excitação com o Carnaval e com a fatiota da abelha. Claro que o ex libris de todo o conjunto eram as asas. Cheias de brilhantes, largavam purpurinas por toda a parte, para não falar em como ela ficava feliz a correr pela casa com as asas nas costas!
Saímos de casa para a escola. Tirei-lhe as asas para a sentar na cadeirinha e (erro) pousei as asas em cima do carro (mesmo em cima, no tejadilho). Despacho tudo, entro no carro e saio garagem fora, sem nunca mais me lembrar das asas....
Ao chegar a escola deu-se-me um flash: não tinha colocado as asas no carro!!!
Resumindo... Fiz o caminho inverso (várias vezes), fui ao café perguntar se alguém tinha encontrado umas asas de abelha caídas na estrada, voltei à garagem com esperança que tivessem caído logo ali... Nada. NADA!
Começo a ficar nervosa. A C não tirava os olhos da estrada, sempre a olhar pela janela. Não fala.
Já em desespero, digo-lhe:
- Oh filha.... desculpa! A mamã perdeu as tuas asas! Estavam em cima do carro e voaram... Desculpa filha! Estás triste?
Olha ela pra mim com os olhos rasos de água:
- Não mamã. Não faz mal. Foi sem querer...
Escusado será dizer que comecei eu a chorar ao vê-la a fazer-se de forte. A aguentar-se. A tentar gerir a sua (enorme) tristeza, por mim!
Disse-lhe que íamos encontrar as asas. Se não, íamos comprar outras. Prometi-lhe! Não podia deixá-la ir para a escola com aquele aperto. Com aquela tristeza. Nem ela, nem eu!
Felizmente, e já na ultima volta a caminho da escola, lá as vejo. Pousadas no alcatrão.
- ENCONTREI! Estão ali filha!!
- Ohh mamã!! Tu prometes que encontravas!!
A felicidade dela foi indiscritível.
Eu passei o resto do dia com um aperto no coração. Não descansei enquanto não voltei a tê-la nos meus braços. Certificar-me que tinha tido um dia muito feliz com a sua mascara, e as suas asas, de abelha e que se tinha divertido muito!! E assim foi! ❤️