... e para todas as mães!...
Ganhamos um medo especial da morte após termos sido mães. A morte de um filho, é qualquer coisa para além da dor, para além daquilo que um coração consegue suportar. Após a morte de um filho imagino sempre uma pessoa vazia, cujo coração foi esmagado a sangue frio. A maternidade tem tudo de bom, ainda que perseguida por esse fantasma. Tenham os filhos 5 ou 50.
E perdemos tempo com coisas de nada. E perdemos tanto tempo a deixar a nossa felicidade de lado... E num momento perdemos este privilégio... e não vamos conseguir recupera-lo nunca...
"Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves. "
Eugénio de Andrade
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...
Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves. "
Eugénio de Andrade
um dos meus poetas favoritos!
ResponderEliminarbeijinhos i