30 junho 2014

Para uma mãe...

... e para todas as mães!...
Ganhamos um medo especial da morte após termos sido mães. A morte de um filho, é qualquer coisa para além da dor, para além daquilo que um coração consegue suportar. Após a morte de um filho imagino sempre uma pessoa vazia, cujo coração foi esmagado a sangue frio.  A maternidade tem tudo de bom, ainda que perseguida por esse fantasma. Tenham os filhos 5 ou 50.
E perdemos tempo com coisas de nada. E perdemos tanto tempo a deixar a nossa felicidade de lado...  E num momento perdemos este privilégio... e não vamos conseguir recupera-lo nunca...

"Olha — queres ouvir-me? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos; 

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves. "

Eugénio de Andrade


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