02 maio 2012

Maria e Miguel

Por todos os motivos e mais alguns e também porque não resisto a uma bela história de amor, não vou deixar de acompanhar esta... E acreditar que terá um final feliz.


«É hoje, quarta-feira, às sete e meia da manhã, que deixei de poder estar ao pé da Maria João. Entreguei-a a Alexandre Campos, que vai tirar-lhe o tumor que ela tem no cérebro, sob o olhar de João Lobo Antunes.

Sempre quis conhecer um neurocirugião. Na segunda-feira de manhã conheci logo três. O terceiro foi o primeiro que recebeu a Maria João no Hospital de Santa Maria: Martin Lorenzitti. Fiquei impressionado. Não resisto a dizer que são uber-cool. Quando eu era pequenino, a profissão que usava para indicar grande complexidade não era rocket scientist. Dizia-se de um problema que não era dificílimo que não era preciso ser um brain surgeon para o perceber.

Note-se que os neurocirurgiões não são só cirurgiões do cérebro como de todo o sistema nervoso, espinha abaixo, pela rede elétrica do corpo inteiro, até às pontas dos pés. É a minha Maria João inteira que eles têm de ter na cabeça, nos olhos e nos dedos das mãos. É graças a médicos e cirurgiões que ela está viva. Será graças a médicos e cirurgiões que ela não morrerá.

Prometeram-me que hoje, às cinco da tarde, durante quinze minutos, voltarei a ver a Maria João. É pouco tempo, depois de muito tempo um sem o outro. Mas há-de saber pela vida. Mentira. Há-de saber-me por quinze minutos.

É o tempo que não estamos um com o outro que nos mata. Que nos tira a vida. Que nos tira a vontade de viver. Separadamente. É hoje às cinco da tarde que vamos voltar um para o outro. Durante pouco, pouco tempo.»
(Miguel Esteves Cardoso)

2 comentários:

  1. Lindo...este MEC é qualquer coisa e o amor deles é tão único!!! Merecem um milagre, uma mãozinha do Amiguinho! Eu acredito muito!

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  2. Temos que acreditar, senão, não vale a pena! :)

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