18 março 2015

Pai

Há 19 anos atrás, quando todos ultimavam os presentes para o dia do pai, eu enterrava o meu. Uma partida dura de gerir na altura. Principalmente para o meu irmão, com 11 anos, e que tinha nele o seu ídolo. 
Tive a sorte de a vida se ter antecipado e me ter dado outro pai ainda antes de ter perdido o meu. 
Já passaram muitos anos, não vivo nenhum trauma por ter perdido o meu pai tão cedo. Mas pergunto-me muitas vezes como seria tê-lo por cá. Como gostaria que tivesse assistido a tantas coisas. Como adoraria que tivesse conhecido a Carlota. Eu acredito que ele assiste a tudo lá de cima e me ampara nas horas difíceis. Acredito mesmo. 
Arrependo-me de ter aproveitado tão pouco o meu pai. Porque os meus pais estavam divorciados e eu vivia com a minha mãe. Porque era adolescente e muitos fins de semana e férias já não queria ficar longe dos meus amigos e acabava por não ir para casa dele... Vivo com esse peso. Já lhe pedi desculpa muitas vezes. Adorava poder abraçá-lo mais uma vez. Falar com ele. Olhá-lo nos olhos. Senti-lo. 

Um dia. Daqui a muitos anos, espero. 

3 comentários:

  1. Um beijinho neste dia. Eu também não aproveitei o meu pai como devia, não percebi muitas coisas, muitas atitudes que só fui percebendo depois de o perder... Ficam sempre abraços, beijos, palavras por dizer... O meu pai morreu de repente, sem pré aviso e sem tempo para despedidas... E ficou tanta coisa por dizer, desculpas por pedir, mas eu também quero acreditar que ele está lá em cima a olhar por nós e pelos meus filhos, e que ouve tudo o que eu lhe digo...

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  2. <3 um beijinho enorme, Bi!
    Tenho a certeza que ele "compreende" as tuas "falhas" de adolescente e que está sempre a olhar por vocês!

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